É típico que em períodos como este que já estamos vivendo – a proximidade do Natal e a chegada do ano novo – que a vida seja tomada em perspectiva.
Há um clima de revisão de tudo que fizemos durante o ano que passou e de um certo desejo de melhorar o que não foi bom. E, nesse processo, aparecem os momentos de conflito, momentos em que ao analisarmos o ano que vivemos, vamos percebendo que existem muitas situações que envolvem o reconhecimento de que algo poderia ter sido melhor.
Nestes momentos é importante que possamos dar atenção e permitir que atuem de modo concreto os sistemas de perdão. Esses sistemas são capazes de regular, de modo positivo, nossa convivência com os outros.
O perdão envolve a ideia da harmonia nas relações interpessoais, pois tem o poder de reestabelecer conexões saudáveis entre as pessoas. E essas conexões saudáveis estão relacionadas à ideia de que todas as pessoas precisam e podem ser consideradas como dignas de amor e compreensão. Mas, como chegar a isso?
Inicialmente é necessário abandonar as respostas defensivas/negativas, e criar lugar para a compreensão das coisas desfavoráveis que aconteceram. Essa atitude favorece a compaixão e, nisso, vamos desenvolvendo uma capacidade aumentada de compaixão, autocompaixão e menor sofrimento emocional.
Existem estudos que relatam associações significativas entre níveis mais altos de perdão e autocompaixão e níveis mais baixos de automutilação ou ideação suicida, por exemplo. Esses estudos também mostram que há uma relação entre o processo de perdão e os resultados de sintomas depressivos.
A confiança desempenha o principal papel mediador no processo de perdão, e precisa ser desenvolvida não como um esquecimento do que tensiona a relação em torno da qual o perdão aparece como necessário. Confiar não significa estar cego aos riscos. Não significa “passar pano” para o erro do outro.
Confiar é muito mais do que uma atitude mental, do pensamento. A confiança é o perdão em ato. É convivência cuidadosa com aquilo que tendo sido fonte de tristeza, dor e mágoa, passa a se tornar motivação para uma convivência em que as pessoas possam oferecer o melhor de si e receber o melhor que o outro tem para oferecer.
Por: Catarina Gewehr – CRPSC 0766
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