Novos tratamentos para enxaqueca

Novos tratamentos para enxaqueca
Novos tratamentos para enxaqueca

Novos tratamentos para enxaqueca

Enxaqueca é um dos tipos de dor de cabeça mais frequentemente encontrados na população.

Estima-se que cerca de 5% da população brasileira sofra com o problema de forma crônica – ocorrendo mais de uma crise por mês há mais de 3 meses, com acentuada prevalência no sexo feminino.

As crises de dor podem ser incapacitantes, causando perda de dias de trabalho, com necessidade de repouso, idas a Pronto Socorro e piora significativa na qualidade de vida. Os sintomas costumam piorar também por gerarem percepção comportamental de necessidade de auto medicação, o que pode ocorrer de forma excessiva e abusiva. Estima-se que pacientes que façam uso de analgésicos por período superior a 10 dias por mês, corram risco vinte vezes maior de desenvolver cefaleia crônica.
Terapia preventiva

Até recentemente, a chamada terapia preventiva ou profilática para Enxaqueca concentrava-se no uso de medicações não específicas para tal condição como remédios para controle de pressão arterial, antidepressivos e anticonvulsivantes, que embora sejam eficazes, estão associados a maior perfil de efeitos adversos como tontura, ganho de peso, disfunção cognitiva com esquecimentos, queixas visuais, além de necessidade de uso contínuo e perda de eficácia com interrupção, o que dificulta tomada de decisão em prescrição.

Botox e enxaqueca

No início da década passada o cenário começou a mudar com a publicação de estudos atestando eficácia da toxina botulínica – Botox, já de uso consagrado em Dermatologia e outras doenças neurológicas.

O Botox agiria promovendo relaxamento muscular nas estruturas do pescoço e do crânio, trazendo melhora significativa dos sintomas dolorosos. Outra linha de tratamento interessante se deu com o desenvolvimento de dispositivos neuroestimuladores, sendo o mais conhecido, um pequeno equipamento chamado Cefaly – espécie de “ coroa “, que promove liberação de pequenos pulsos elétricos junto ao Nervo Trigêmeo, alterando a forma como a dor é percebida.

Anticorpos monoclonais

Foi em 2020, porém, que este cenário mudou significativamente com a chegada dos chamados anticorpos monoclonais – medicações de ação específica, por bloquearem uma molécula cerebral diretamente envolvida no mecanismo de dor, o chamado CGRP (peptídeo relacionado ao gene da calcitonina), provavelmente produzido em quantidades maiores em portadores de enxaqueca.

O bloqueio desta molécula serviria como uma espécie de tratamento “imunizante “, promovendo melhora sustentada e duradoura, com poucas aplicações da medicação. Em geral, estes medicamentos são aplicados através de dispositivos simples – canetas, semelhantes às de insulina, com uso abaixo da pele, de forma mensal ou trimestral, apresentando poucas contra indicações e efeitos adversos pontuais. No Brasil, estão disponíveis três apresentações de laboratórios distintos – Galcanezumabe, Fremanezumabe e Erenumabe. Apesar de seu custo ainda elevado para nossos padrões, são alternativas eficazes e seguras no manejo desta condição que costuma ser incapacitante para muitas pessoas.

 

Por: Dr. Marcus Vitor Oliveira.
Neurologista – CRM/SC 12512 | RQE 8844

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